A Hipertensão e os olhos



 O que é retinopatia hipertensiva?

A retinopatia hipertensiva resulta de alterações sofridas pelos vasos da retina em doentes com hipertensão arterial. As mudanças observadas na retina, resultantes da retinopatia hipertensiva, são mudanças ocorridas na circulação arterial e arteriolar como consequência da pressão arterial elevada.

Além da retinopatia hipertensiva, a retinopatia diabética é uma doença ocular causada por altos valores de açúcar (glicemia) no sangue (diabetes) e que também é responsável por provocar danos nos vasos da retina. A retinopatia diabética apresenta uma incidência superior à retinopatia hipertensiva, resultando mesmo numa das principais causas de  cegueira nos adultos.


RETINA
Retina com micro hemorragias


Causas da retinopatia hipertensiva

Como o próprio nome indicia, entre as principais causas da retinopatia hipertensiva está a hipertensão arterial.

Sintomas na retinopatia hipertensiva

Nas fases iniciais, a retinopatia hipertensiva pode não apresentar sintomas (assintomática). Com o evoluir da doença, começam a surgir os primeiros sinais e sintomas. Por este motivo, o doente com hipertensão arterial não deve esperar pelo aparecimento de sintomas visuais, devendo realizar exame de fundo ocular, pelo menos uma vez por ano.

Com o agravar da doença vários sinais e sintomas vão surgindo, sendo que os mais frequentes são a diminuição da acuidade visual (ver pior), a fotofobia (sensibilidade à luz) e cefaleias (dores de cabeça), entre outros.


 

Piora visual é um sintoma





Classificação da retinopatia hipertensiva

Segundo a classificação modificada de Scheie, podemos identificar os seguintes graus de retinopatia hipertensiva:

  • Grau 0 - sem alterações;
  • Grau 1 - estreitamento arteriolar mínimo;
  • Grau 2 - estreitamento arteriolar óbvio com irregularidades focais;
  • Grau 3 -além do observado no grau 2, observa-se hemorragia e/ou exsudatos da retina;
  • Grau 4- além do observado no grau 3, ocorre edema da papila.

Principais tipos 

A retinopatia hipertensiva pode ser crônica, se associada a hipertensão crônica, ou maligna, se associada a hipertensão arterial maligna:


1. Retinopatia hipertensiva crônica

É geralmente assintomática e surge em pessoas com hipertensão crônica, em que se manifesta um estreitamento arteriolar, alteração no reflexo arteriolar, sinal de cruzamento arteriovenoso alterado, no qual a artéria passa anteriormente à veia. Embora seja raro, podem surgir, por vezes sinais e sintomas como hemorragias retinianas, microaneurismas e sinais de oclusão vascular.



Exame da retina com alterações vasculares

 






2. Retinopatia hipertensiva maligna

A retinopatia hipertensiva maligna está associada a uma elevação súbita da pressão arterial, com valores de tensão sistólica superiores a 200 mmHg e valores de tensão diastólica superiores a 140 mmHg, causando problemas não só a nível ocular, mas também cardíaco, renal e cerebral.

Ao contrário da retinopatia hipertensiva crônica, que é geralmente assintomática, a retinopatia hipertensiva maligna surge geralmente associada a dor de cabeça, visão turva, visão dupla e aparecimento de uma mancha escura no olho. Além disso, neste tipo de retinopatia podem ocorrer alterações de pigmentação no olho, edema macular e descolamento do neuroepitélio da região macular e edema papilar de tipo isquêmico, com hemorragias e manchas.


Como confirmar o diagnóstico

O diagnóstico da retinopatia hipertensiva é feito mediante fundoscopia que é um exame em que o oftalmologista consegue observar todo o fundo do olho e as estruturas da retina, com a ajuda de um aparelho chamado oftalmoscópio, e tem como objetivo detectar alterações nesta região que possam prejudicar a visão. 

Pode-se ainda recorrer a angiografia fluoresceínica, que geralmente só é necessária em casos atípicos ou para exclusão de diagnóstico de outras doenças.


Retinopatia hipertensiva tem cura?

A retinopatia hipertensiva não tem cura. Contudo, os doentes que padecem da doença, desde que esta tenha sido corretamente diagnosticada e a causa da retinopatia tratada, podem levar uma vida perfeitamente normal.

Veja, em seguida, como tratar a retinopatia hipertensiva.

Tratamento da retinopatia hipertensiva

Na retinopatia hipertensiva, o tratamento depende do grau ou estagio da doença. O tratamento é efetuado, essencialmente, através do controle da tensão arterial e de outros fatores de risco independentes, como diabetes, colesterolemia e discrasias sanguíneas.

O objetivo no tratamento é o controle e prevenção da doença de base (hipertensão arterial). Desta forma, é possível limitar ou reverter os danos causados na retina. Para o efeito é necessário existir um controle eficaz dos valores da hipertensão arterial, tomando todas as medidas ao nosso alcance através de tratamentos médicos, e da adoção de hábitos e estilos de vida mais saudáveis.

 


Estilo de vida saudável é fundamental na melhora da doença


Como é feito o tratamento?

A retinopatia crônica raramente necessita de tratamento oftalmológico. A necessidade de tratamento oftalmológico surge, quando ocorrem complicações na retina. Nesses casos, fazemos uso de laseres de retina e cirurgias.

Pelo contrário, a retinopatia hipertensiva maligna consiste numa emergência médica. Deve-se, nestes casos, fazer o controle da pressão arterial, de forma eficaz e controlada, de modo a impedir lesões irreversíveis. Depois de ultrapassada a crise de hipertensão maligna, a visão é geralmente recuperada, total ou parcialmente.



Você conhece alguém que tem pressão alta e não faz revisões no médico oftalmologista? Mande esse texto a ele(a)!



Dra Daniela V. Roehe

CRM 24537

RQE 18139

Oftalmo Estância Clínica de Olhos

Fone (51) 99952-8699



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